Summer | Capitulo 4 - Confusões



Os últimos dias foram de uma monotonia inigualável. Os últimos dias de trabalho foram tranquilos, apesar da correria, agora eu finalmente estava de férias e com as férias eu teria tempo o suficiente de aproveitar o meu paraíso, Itajuba.

Hoje é véspera de natal. Eu acordei cedo, mais cedo do que de costume, mesmo não precisando ir trabalhar, eu precisava arrumar minha mala, colocar o essencial dentro dela e depois passaríamos na casa da Janine para pegar ela. A mãe dela foi clara nas regras: nada de sair de casa à noite, nada de beber, mas com certeza iriamos quebrar todas elas, afinal, foram para isso que as regras foram criadas.

- Filho, você pegou tudo o que tinha que pegar? – Minha mãe perguntou pela milésima vez. – Seu pai vai colocar tudo no carro e depois não vai tirar mais.
- Sim mãe, eu coloquei tudo o que precisava, o notebook eu vou levar no colo.
- Vamos sair daqui a pouco. Passamos na casa da Janine e seguimos viagem. Vamos passar no bangalô da rodovia 49 para comer aquela coxinha que você ama – Ela falou apertando minha bochecha. Ela sabia que eu não gostava daquilo, mas era tão incrível que ela lembrava dessas coisinhas que eu amava, como aquela coxinha.

Ainda tive tempo de arrumar meu quarto enquanto ouvia música no meu MP5. Aproveitei também para ver se tinha alguma mensagem não lida na caixa de entrada e no MSN, mas todos estavam vazios. O Fernando não havia mandado nada desde a semana passada quando enviei aquela mensagem. Talvez ele tivesse ficado chateado, mas eu não tiro a razão dele.
Passamos na casa da Janine e quando chegamos lá ela já estava na frente da casa com a minha tia. Ela usava um vestido floral até a canela, o dia estava quente e eu não sei como ela não estava morrendo dentro dele.

- Val, cuide da minha menina. – Minha tia falou enquanto a Janine entrava no carro e nós nos espremíamos no banco. – Jonas, não deixe ela beber. – Eu ri internamente e sabia que a Janine também estava rindo, talvez até mesmo a minha mãe.
- Pode deixar tia, vai ficar tudo bem. – Eu menti.
- Nós vamos para o Rio Grande, mas podem me ligar quando quiser, vou estar com o celular sempre a vista.
- Não se preocupe, Aline, nós vamos cuidar dela. – Minha mãe falou.

Quando meu pai deu a partida no carro, tanto eu como a Janine colocamos os fones no ouvido. Não gostávamos de conversar durante a viagem, gostávamos de ouvir músicas e olhar para os largos pastos vazios que tinham na BR.

A melhor parte de ir para Itajuba, sempre foi a viagem, principalmente quando eram feitas à noite. Eu em sentia relaxado. Eu conseguia sentir a brisa do mar já e isso me deixava tão em paz.
Meu celular apitou e meu coração foi a boca.

“O seu amigo falou com você, ou vocês estão brigados ainda? ”
Era apenas a Janine. Não gostei da decepção que senti no momento, mas fui obrigado a admitir que estava esperando que fosse ele. Eu digitei depressa.
“Ainda não me respondeu, mas prefiro não falar sobre isso. ”
O restante da viagem não falamos mais nada, eu só queria curtir minha viagem e esquecer de tudo, queria aproveitar o máximo dessas férias.

Assim que chegamos no posto de combustível da rodovia 49, eu fui o primeiro a pular do carro. Agora eu estava mais feliz do que nunca, primeiro porque eu iria comer finalmente a coxinha de frango que eu amava e segundo porque eu sabia que estávamos bem perto de Itajuba.

Me espreguicei e esperei que minha prima saísse do carro e então corremos para dentro da loja de conveniência que não estava muito cheia naquele momento. Lá dentro era tudo muito simples. Tinha um balcão com alguns salgados e uma máquina de café que tinha um cheiro maravilhoso. Atrás do balcão tinha uma moça, a mesma de sempre e vestida como sempre, uma camisa flanela com seus peitos quase a mostra. Ela tinha o cabelo loiro e usava duas chuquinhas, uma de cada lado da cabeça. 

Em um banquinho na frente do balcão estava uma moça sentada, uma moça que mais parecia um homem usando uma calça jeans apertada e uma camiseta branca suja de graxa, ela não parava de conversar com a moça da lanchonete e ela demorava cada vez mais para nos atender.
Pedimos uma coxinha cada um e uma coca. Minha prima voltou a tocar no assunto que eu queria esquecer e meus pais estavam em uma mesa não muito distante da nossa.

- Porque você não quer falar sobre isso? Porque você não assume para mim que gosta dele primo? – Ela perguntou.
- Porque eu não quero falar sobre isso, e eu gosto dele, ele é meu amigo. – Eu respondi enquanto dava uma mordida grande na coxinha.
- Mas você tem certeza que não gosta dele mais do que amigo? – Ela insistiu.
- Porque você quer tanto saber Janine? Eu já falei que não sou gay. – Eu cochichei para ela.
- Você não precisa se envergonhar se você for. – Ela me olhou séria.
- Eu sei disso, não teria porque me envergonhar, mas eu não sou gay.
- Tudo bem, eu não vou insistir nisso mais. – Ela tomou um gole de coca - Por enquanto.
- Tudo bem, mas me diz, você e o Jefferson vão se encontrar lá na praia? – Eu perguntei tentando mudar de assunto.
- Sim. – Ela ficou alegre e bateu palmas, o que fez a maioria das pessoas olharem em nossa direção. – Mas você vai precisar me ajudar com isso.
- Como? – Eu quis saber.
- Eu falei para ele que vamos nos encontrar lá na praia amanhã, mas temos que despistar a sua mãe para que ela não conte para a minha, então você vai ter que dar um jeito de me levar a tarde para a praia sem que ela desconfie de nada.
- Não tem problema, ela não teria porque não deixar.
- Ótimo, não vejo a hora de ver meu amor.

Depois que acabamos de comer, seguimos viagem.
Não demorou muito e já estávamos na casa da praia, tudo o que eu mais queria. Agora eu estava completamente feliz e até meus problemas haviam sido esquecidos.
Tudo estava exatamente como eu me lembrava, até mesmo o cheiro de mofo, de casa fechada por muito tempo me deixavam fascinado.
Meu celular tocou.

“Eu tentei ficar longe, tentei não enviar nenhuma mensagem, mas a saudade é maior que tudo. Estou sentindo sua falta. Não vejo a hora de te ter em meus braços amanhã. ”

Meu Deus, como assim? Amanhã? Te ter em meus Braços? Ele ficou louco?

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