Do jeito que eu vim - Capitulo 1 - (Nova série)

Boa tarde meus queridos. Hoje eu venho trazer pra vocês, mais uma série para o Blog. Espero sinceramente que vocês Goste.



Hoje é meu aniversário de dezoito anos, mas o que eu poderia esperar desse dia? Nada é novidade para mim a essa altura do campeonato.
Entrei no meu quarto, as janelas estavam abertas e as cortinas balançavam com o vento. Tentei me concentrar na grama verde do vizinho, nas flores que pareciam dançar junto com os raios de sol que as penetravam, como dizem: a grama do vizinho é sempre mais verde e a grama do vizinho realmente parecia ser mais verde do que o meu jardim cinza e sem vida.
Comecei a organizar as minhas lembranças na minha mente como se eu estivesse organizando documentos em cima da minha cama. Nada parecia fazer sentido, nada parecia se encaixar como eu achei que se encaixavam.  Eu estava completando dezoito anos, mas minha mentalidade dizia outra coisa. Poucas experiências, mas as mais distintas, as experiências que qualquer garoto da minha idade não esperava ter.
Tirei minha roupa em movimentos fracos, tentei manter minha respiração a mais silenciosa possível pois eu não queria tirar o foco da minha experiência comigo mesmo. Depois de despido, passei minha mão vagarosamente por cada parte do meu corpo. Meus dedos estavam gelados e era como se alguém estivesse me tocando. Segui para o banheiro e tomei um demorado banho. Eu estava comigo mesmo em um romance profundo enquanto os outros estavam lá em baixo comemorando meu decimo oitavo aniversário, mas eu não fazia falta no momento.
- Filho, você não vai descer? Todos estão perguntando onde você está. – Disse minha mãe que entrava no meu quarto sem bater na porta. Ela estava linda naquele vestido, parecia que estava em uma festa de Gala. Tirei meus fones e só consegui ouvir suas últimas palavras.
- Não estou muito afim mãe. Eu estou um pouco cansado. – Eu menti.
- Vamos, faça um pouco de esforço, só te peço isso. – Ela insistiu. Foi até o espelho e arrumou seus cabelos que eram loiros e ia até um pouco abaixo do ombro. Depois ela voltou e me puxou pelo braço.
- Se você não for por bem, eu vou ter que tomar alguma atitude. Você quer mesmo ficar sem mesada esse mês? Ou você vai se comportar e descer comigo?
- Foda-se essa mesada. Posso sobreviver. – Eu nem mesmo pude pensar duas vezes no que tinha acabado de falar quando ela virou a mão na minha cara fazendo um barulho que todos os convidados tinham escutado.
- Nunca mais fale comigo desse jeito. Vá agora mesmo. – Ela falou me puxando pelo braço e me fazendo cair no chão, mas ela não se importou em olhar para trás e ver se eu estava bem, ela pouco se importava.
Aquilo não era uma comemoração do meu aniversário, não para os meus pais. Aquilo era para eles poderem aparecer mais no meio da sociedade. Minha mãe já estava tentando conseguir um encontro para mim, com a filha dos nossos vizinhos, que com toda a certeza do mundo, eram podres de ricos, mas foda-se ela também, eu não estava nem um pouco interessado no que ela queria, isso tudo só me fazia ter certeza de que meus pais não sabiam do que eu gostava de verdade e se eles soubessem, eles morreriam.
Desci as escadas a contragosto, todos sorriam quando eu passava, mas na minha cabeça eu só pensava em estar longe dali o quanto antes, eu queria muito fugir disso tudo, queria estar em uma praia, de frente para o mar só olhando as ondas e pensando em nada.
- Rafael, essa é a Nina de quem eu te falei mais cedo. – Disse minha mãe que me carregava com ela como seu cachorrinho de estimação. Me apresentei a sorridente moça que estava na minha frente, mas não estava com animo o suficiente para abrir a boca e falar mais do que um “oi” – Vou deixar vocês um pouco sozinhos enquanto eu vejo se as coisas estão indo bem na cozinha. – Ela concluiu e sai de vista.
- Acho que isso é um encontro forçado. Sua mãe parece desesperada. – Nina falou sarcasticamente e naquele momento brotou um pouco de simpatia por ela.
- Minha mãe é desesperada. Me desculpe por essa cena lamentável.
- Não precisa se desculpar, na verdade eu te entendo. – Ela sorriu.
- Seus pais são um pé no saco como os meus? Duvido. Meu pai não é tanto, até porque ele pouco convive comigo, mas minha mãe é uma nazista.
- Acredite, meus pais não são as melhores pessoas, isso tudo é faixada. – Ela falou e caminhou para fora de casa, a essa altura eu já estava mais interessado em conversar com ela, ao menos alguém com quem eu poderia jogar trinta minutos de conversa fora.
Sentamos em um banco de frente para o pequeno lago do jardim feito pelos empregados da minha mãe. Ela nunca teria criatividade o suficiente para fazer tudo isso sozinha.
- Meus parabéns, eu ia quase esquecendo. Você atingiu sua maioridade hoje. O que pretende fazer com ela Sr. Rafael? Ela me perguntou olhando fundo nos meus olhos.
- Eu ainda não sei, se eu pudesse, eu sairia daqui, para começar.
- E o que te impede?
- Dinheiro.- Eu ri.
- Mas você pode conseguir um emprego, se sustentar.
- Não sei se é tão fácil assim.
- Ou talvez você é só um filhinho de papai e não aceitou isso ainda. – Ela falou aquilo como brincadeira, mas me irritou muito.
- Não sei com que tipo de pessoas você lida, mas você não me conhece para falar isso e eu não vou perder meu tempo aqui com você. – Eu falei, estava cuspindo fogo pela boca. Levantei do banco e segui em direção do portão que estava aberto. Encontrei a rua e caminhei sem destino.
- Calma, não queria te chatear, acho que você precisa melhorar esse seu senso de humor. – Ela gritou a alguns passos atrás de mim. Olhei para trás e ela corria toda desengonçada com seu vestido rosa voando ao vento.
- Você que claramente não sabe brincar. Não perca seu tempo comigo, não estou num bom dia hoje. – Eu disse desacelerando meu passo. Na verdade, eu acho que estava precisando de alguém para conversar.
Andamos durante algum tempo sem olhar um para o outro e sem trocar nenhuma palavra. Ela realmente era muito linda, seus cabelos eram castanhos bem claros e ondulados, iam até abaixo do ombro, mas estavam amarrados em um rabo de cavalo. Seus olhos eram verdes quase azuis. Tinha uma pele branca quase translucida e algumas sardas no rosto, mas não era tão visível. Poderiam ser alguém para namorar, se não fossem outras questões.
Chegamos a uma praça e sentamos em um banco livre que tinha ali. Ela que começou a conversa novamente.
- Porque você acha que sua mãe quer tanto te apresentar alguém? – Ela perguntou enquanto ajeitava o vestido para poder sentar.
- Eu não sei, minha mãe não regula muito bem as vezes, ela me forçou a descer naquele momento, eu não queria estar ali.
- Mas que bom que você desceu ou não teríamos nos conhecido. – Ela sorriu e eu não gostei daquilo.
- É verdade. – Eu me limitei ao responder.
Ela fechou os olhos e vagarosamente se aproximou de mim. Eu pude sentir seu hálito de menta cada vez mais perto e eu comecei a sentir repulsa dela, ela não podia realmente estar pensando em fazer aquilo.
- Eu acho melhor não. – Eu falei afastando ela de leve para que não parecesse grosseiro demais. Ela não tinha culpa de ter entendido as coisas de outra forma.
- Não se preocupe, eu não vou te beijar, eu só estava te testando. – Ela falou aquilo se afastando rapidamente e sorrindo. Soltou os cabelos e ajeitou eles para trás.
- Como assim? – Eu perguntei espantado.
- Você é gay. – Ela foi direta.
- Oi?
- Você é gay, e por favor, não fique chateado comigo, não estou sendo irônica, mas eu consigo decifrar as pessoas rapidamente.
- Não sei o que você está falando. – Eu tentei disfarçar. Ela foi tão direta que eu não consegui achar uma resposta para aquilo e falando assim eu só dei certeza para ela. O medo tomou conta de mim, o medo de que a minha mascara tinha caído, que todos tinham percebido.
- Calma, você está azul. Não se preocupe, não sou sua mãe, não vou te julgar, seu segredo está seguro comigo.
Minhas mãos começaram a tremer e estavam encharcadas de suor. Eu precisava de ar desesperadamente e tinha esquecido de como consegui-lo.
- Você está bem? Eu estou realmente preocupada. Fala comigo. – Ela me chacoalhava e eu não tinha percebido quão mal a situação tinha ficado.
- Desculpa, eu não sei o que te dizer. – Eu finalmente consegui inalar oxigênio.
- Não precisa falar nada e também não precisa se explicar. Relaxa, essas coisas são normais, não tenha medo de mim.
- Você tem que me prometer que nunca vai dizer isso para ninguém. Nunca, entendeu? – Eu falei segurando os braços dela com forma demais.
- Tudo bem, não precisa se preocupar, como eu disse, seu segredo está segundo comigo. Agora solte meu braço, você vai me machucar. – Ela riu.
- Desculpa. Estou melhor agora.
- Então vamos voltar para a festa, vão sentir falta da estrela principal. – Rimos juntos e voltamos para a casa.
Voltamos para casa e eu tentei parecer um pouco simpático para aquelas pessoas que estavam ali, afinal a culpa não era delas de eu não estar num dia bom.
Abraços daqui beijinhos no rosto dali e eu só queria estar na minha cama dormindo. Queria me trancar no meu quarto e ficar lá até que tudo acabasse.
Respirei fundo e fui até o bar para tomar a minha “primeira” bebida alcoólica, como adulto.
- Eu vou querer uma dose de Whisky, por favor. – Eu pedi ao atendente, olhando para baixo preso em meus pensamentos.
- Com gelo ou sem? – Me perguntou o atendente e sua voz grave e rouca me chamaram a atenção. Levantei a cabeça e olhei nos olhos dele. Minhas pernas tremeram na hora. Seus olhos eram azuis acinzentados, seu cabelo era bem curto e negro com a noite, tinha uma boca carnuda e vermelha e seus músculos ficavam bem evidentes na roupa um pouco justa e quase transparente. Demorei para responder.
- Com bastante gelo por favor.
- Você é o aniversariante não é mesmo? – Ele perguntou e eu não conseguia de parar de olhar para a sua boca e seus dentes perfeitamente brancos.
- Sou eu mesmo.  – Eu sorri. Não tinha como não sorrir para ele.
- Primeira bebida de muitas então? – Ele perguntou soltando uma gargalhada quase inaudível.
- A primeira de muitas, eu acho. – Eu ri dos meus próprios pensamentos. Como se eu já não tivesse feito aquilo outras vezes em festas na casa de amigos.
- Aqui está sua bebida. – Ele me entregou o copo envolto em um guardanapo e encostou em meus dedos por alguns segundos que pareceram uma eternidade. Peguei o copo e segui para o meio do salão com as pernas bambas ainda.
Me esquivei de algumas pessoas e de alguns parentes que eu nunca tinha visto e fui em direção do jardim novamente. Virei o copo dando o ultimo gole, foi quando eu percebi que algo estava escrito no guardanapo. Era o número dele. Meu sangue foi todo para a cabeça e eu precisei de alguns minutos para me recompor.
Depois de muito tempo pensando, eu toquei o foda-se e enviei uma mensagem para o número que estava no guardanapo. “Me encontre em cinco minutos no andar de cima. Entre na última porta no final do corredor. Vou estar te esperando lá. ”
Coloquei o copo em uma mesinha, enfiei o guardanapo no meu bolso e fui o mais rápido que pude para o meu quarto, não sem antes verificar se minha mãe estava suficientemente ocupada.
Entrei no meu quarto e deixei a porta encostada. Deitei na minha cama e tudo parecia em câmera lenta, o whisky estava começando a fazer efeito, a sensação era boa. Deslizei meus dedos do meu pescoço até ao primeiro botão da camisa quando ouvi a voz de alguém.
- Pode deixar que eu faço isso. – Aquela voz rouca e grave invadiu meu quarto e minha mente.
Me levantei da cama em movimentos lentos e fui em direção a ele que me olhava diretamente nos olhos.
- Eu achei que você não fosse... – Ele me interrompeu colocando seu dedo nos meus lábios.
- Você não precisa dizer nada.
Ele segurou meus cabelos com força e puxou minha cabeça para trás. Eu estava flutuando. Sua boca logo encostou na minha e sua língua invadiu minha boca, começamos um beijo ardente cheio de prazer e desejo.
Ele vagarosamente me levou até a cama sem tirar sua boca da minha. Seus lábios eram tão macios como eu pensei. Ele tirou cada peça de roupa com muita urgência, com uma urgência que eu não conhecia. O meu corpo estava pegando fogo.
Quando eu já estava totalmente despido, ele deslizou sua língua do meu pescoço aos meus pés, demorando o máximo que podia enquanto eu me contorcia de prazer, um prazer que eu ainda não conhecia. Depois foi minha vez. Um pouco tonto pelo whisky, eu beijei cada centímetro do seu corpo todo definido, me perdendo em cada curva perfeitamente esculpida. Seus uivos eram baixo, mas só me davam mais vontade de ter ele totalmente dentro de mim.
Ele me puxou novamente pelo cabelo me levando até a sua boca. Eu beijei ele novamente como se o amanhã não existisse. Se minha vida acabasse naquela noite, seria um desfecho perfeito, minha obra estaria pronta.
Ele me virou bruscamente e sem demora me penetrou.
Eu senti ele dentro de mim, eu estava experimentando algo que nunca tinha sentido. Foi magico. Ele sussurrava qualquer coisa no meu ouvido, coisas que me deixavam mais louco. Eu era uma besta, o Rafael morreu, eu não era eu mesmo naquele momento. O movimento de vai e vem continuava freneticamente e eu estava chegando ao ápice do meu prazer. Eu cheguei ao orgasmo com ele dentro de mim, percebi isso quando senti algo quente escorrendo por minhas pernas.
A porta se abriu.
- Rafael! – Minha mãe gritou da porta. Ela tinha a chave que abria todas as portas da casa.

Tudo girava. A mistura do álcool com o prazer fez com que tudo girasse. Eu estava em êxtase. Tudo estava lento demais. Ele, o cara do qual eu nem mesmo sabia o nome, levantou-se da cama, vestiu suas roupas e saiu em direção a porta enquanto eu ainda estava ali na mesma posição. Tudo girava e enquanto eu olhava para o rosto horrorizado da minha mãe eu sorri segurando o lençol branco que eu apertava.

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