Summer - Introdução


Summer - O nascer do Sol - Introdução

Levantei cedo, mais cedo do que de costume, passei a noite inteira pensando em como eu estava perdendo tempo fazendo algo que eu não queria fazer: Trabalhar em uma empresa chata só porque eles me pagavam mais do que na outra empresa aonde eu estava, aonde eu era feliz, aonde eu era querido por todos e todos eram muito amáveis. Sei, parece mentira vindo de um local de trabalho, mas é verdade.

Tenho 16 anos, me chamo Jonas e ainda não sei o que quero da minha vida, ta tudo muito estanho, ta tudo muito sem sentido, ta tudo “sei lá”...

Peguei meu MP5, uma imitação barata do “BlackBerry” que estava ao lado da cama, coloquei no meu bolso e fui até o ponto que ficava em frente da minha casa. Abri o “msn” verifiquei se havia alguma mensagem, e lá estava: Janine.

Minha prima Janine e eu combinamos na noite anterior de nos encontrarmos depois do trabalho, mas pra variar ela demorou muito pra me responder e eu acabei dormindo. Respondi em poucas palavras que nos encontraríamos antes que minha franquia de internet acabasse e o guardei novamente.
O dia foi como sempre, aquela correria ridícula para atender pedidos para no final do dia serem todos descartados. Quando deu 18h ela estava lá fora me esperando, seus cabelos ao vento, sempre muito bem arrumada como se a qualquer momento fosse a um encontro. Ela olhou na minha direção e correu até mim com aquele jeito espevitado e alegre. Eu queria ser como ela, queria ser assim espontâneo e feliz o tempo todo.

- Primo, que saudades, tenho tantas novidades pra te contar. – Ela me abraçou forte fazendo com que um pouco daquela felicidade toda entrasse pra mim.
- Quero saber de tudo, mas guarde para quando chegarmos em casa. Vamos até a locadora alugar um filme para assistirmos hoje a noite? – Perguntei, me animando pela primeira vez. Eu já tinha alguns filmes em mente.
- Vamos, mas só se for de terror.
- Não tenha duvida disso.

Fomos até a locadora e pegamos: “Premonição” que a muito tempo eu queria ver, mas esse era o único final de semana que meus pais não estariam em casa e eu poderia ver filme de terror. Depois passamos no mercado e compramos algumas besteiras, nada muito saudável, faríamos “X-salada” e seriamos felizes.

 - Agora comece a me contar tudo o que aconteceu nesses dias que não nos vimos. – Falei, já sentado no sofá e preparando para começar o filme.
- Bom, como nos falamos praticamente todos os dias pelo MSN, não tem tanta coisa assim pra falar, mas as principais eu deixei pra falar pessoalmente pra você não me julgar. – Ela começo, jogando os cabelos para trás e colocando os pés em cima do sofá, coisa que se minha mãe estivesse em casa, ela iria odiar.
- Quero saber que coisas especiais são essas. – Eu falei jogando um olhar preocupado, mas no fundo eu já sabia do que se tratava.
- Eu e o Peterson, nós... – Ela colocou a mão na frente do rosto e começou a rir, ela não conseguia continuar.
- Não... – Agora eu sabia o que tinha acontecido, e por reflexo também coloquei a mão no rosto tentando esconder a minha vergonha.
- Sim, nós finalmente transamos. Eu fui até a casa dele aquele dia a noite que falei pra você que iria dormir na casa da Thayna. Jonas, foi incrível. – Os olhos dela brilhavam, eu podia ver a felicidade estampada no rosto dela.
- E sua mãe, você não tem medo que ela descubra alguma coisa? – Eu e essa minha mania de jogar água fria na felicidade dos outros.
- Ela nem pode sonhar, você sabe como ela é, ela me mata.
- Mas eu estou muito feliz por você Janine, muito mesmo. Você acha que ele te pede em namoro agora?
- Ah, não sei primo, mas acho difícil, nós estamos só ficando, e também do que adianta? Minha mãe jamais iria concordar com isso, você sabe da fama dele lá na rua. – O sorriso dela desapareceu e deu lugar aos olhos caídos e a preocupação.
- Você sabe que eu vou ajudar no que for possível né?
- Eu sei, e é por isso que amo você primo. E você não vai acreditar na melhor parte. – Ela falou dando mini pulinhos no sofá com o joelho e batendo as palmas das mãos.
- O que? Me fala.
- Ele vai passar o final de ano em Piçarras, e nós vamos poder nos encontrar todos os dias lá. Vou precisar da sua cobertura.
- Fechado. – Batemos uma palma na outra e selamos nosso acordo. Bom, enquanto eu ainda não sabia o que queria da minha vida, eu podia ajudar quem já sabia.

Assisti todo o filme, mas na metade dele, ela já estava dormindo. Ela dormiu no meu quarto e eu dormi no quarto dos meus pais.

Antes de dormir eu dei mais uma olhada no meu celular, nenhuma mensagem, nenhuma ligação, nenhuma notificação no MSN, até porque, a unica pessoa que falava comigo estava no quarto ao lado, tomei a ciência que de precisava fazer novos amigos. Mas aonde? As salas de bate papo eram uma boa, as mesmas salas de bate papo aonde eu e meus irmãos entravamos para zoar as pessoas, quem sabe?

O sono não vinha de jeito nenhum, minha cabeça estava a mil. Dali a alguns dias estaríamos na casa da praia, em Itajuba, lugar que amo tanto, mas eu não queria que fosse a mesma coisa de sempre, eu queria que fosse diferente, eu queria experiencias novas.
O que ta acontecendo comigo?

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