Summer - Capítulo 3 * Ao contrário -


Acordei cedo naquele domingo, tomei meu café da manhã que não passava apenas de um copo de café com algumas bolachas e depois subi para o meu quarto para arruma-lo

 Coloquei t.A.T.u no computador para ouvir, minha banda favorita e comecei a organizar as coisas.
Eu precisava me manter ocupado, foi isso o que eu fiz nos últimos dias desde que o Fernando me mandou aquela mensagem. Se passaram seis dias e eu não respondi e estava triste de perder uma amizade, porque ele tinha que fazer aquilo? Simplesmente acabar com tudo? Eu sei que eu poderia muito bem ter dito pra ele que não poderia corresponder e simplesmente tocar o barco, mas não sei o porquê de ter simplesmente ter ignorado, agora eu sentia falta das nossas conversas.
 Tudo bem, eu ainda converso todos os dias com a minha prima, mas era diferente. Ele chegou a mandar algumas mensagens nos dias seguintes, mas eu não respondi nenhuma delas, eu olhava para o visor, batia aquela tristeza, mas eu sabia que tinha que seguir em frente.

Depois que acabei de arrumar meu quarto, sai para ir na casa da minha prima, combinamos de passar o domingo juntos, eu dormiria lá e no dia seguinte iria trabalhar. Passei no mercado, comprei algumas coisas para tomarmos café e depois aluguei um filme.

- Você demorou. – Ela falou assim que abriu a porta. Parecia estar preocupada, para variar, ela esteve assim nos últimos dias. Nós ainda não fomos resolver a situação da possível gravidez, a menstruação dela ainda não havia decido e ela estava louca com isso.
- Eu passei na padaria e comprei massinha. – Falei estendendo a sacola para que ela levasse pra dentro.
- Que maravilha primo. Eu estava com muita vontade de comer massinha, e elas estão cheirosas. – Ela abriu um sorriso.
- Aonde seus pais foram? – Eu entrei na casa e ela estava totalmente bagunçada, o que não era normal.
- Foram viajar, voltam amanhã. Eu vou precisar de cobertura para ver o Jeff hoje.
- Vocês ainda estão se falando? Você contou pra ela o que está acontecendo? – Eu imaginei que ela não fosse mais querer ver a cara dele depois do que aconteceu, tudo bem que a culpa não foi só dele de não se proteger.
- Ah primo, eu amo ele... e ainda não contei.
- Vamos hoje mesmo na farmácia comprar o teste de gravides e tirar essa dúvida de uma vez por todas.
- Eu não sei, eu tenho tanto medo de ser verdade.
- Janine, já está atrasada a mais de uma semana, nós precisamos ver isso. – Eu estava ficando nervoso, como alguém em sã consciência com a menstruação atrasada a mais de uma semana fica empurrando com a barriga desse jeito. Se não bastasse isso, meu celular vibrou no meu bolso e se minha prima estava na minha frente, só podia ser ele.

Assim que tirar meu celular do bolso e olhei no visor, vi que não era ele e não sei explicar o que aconteceu, mas me parecia frustração.

- Quem é? – Ela perguntou, curiosa.
- Ninguém, eu achei que era o Fernando, mas era só mensagem da operadora.
- Sei, e esse Fernando? Você parou de falar um pouco dele, até achei que iria parar de falar comigo por causa desse garoto. – Ela falou com um tom de ironia. Não sabia decifrar o que ela queria dizer com os olhos.
- Faz algum tempo que estamos conversando menos, mas não tem nada a ver, eu posso muito bem ter outros amigos também. – Eu ri. Mas era um riso sem vontade, só para tentar parecer que estava tudo bem.
- Você não acha estranho não? – Ela perguntou enquanto dava uma generosa mordida na massinha.
- Como assim, estranho? Não entendi.
- Você entrar numa sala de bate papo, conhecer uma pessoa, depois descobrir que é um homem e esse cara continuar falando com você? Geralmente as pessoas entram nesse bate papo para procurar alguém para namorar...ou Sexo. – Ela riu.
- Não acho, eu entrei lá procurando amizades, mas não acho estranho não. Posso estar sendo ingênuo, mas achei sem maldade. – Eu estava me justificando demais, o que não era necessário.
- Você é gay, primo?
- Não! – A resposta foi rápida, como se eu estivesse querendo afirmar pra mim mesmo. O que também não era necessário.
- Você sabe que se for, pode contar pra mim né? Eu não tenho nada contra. – Ela falou e parecia não se importar, como se o que ela tivesse acabado de falar fosse a coisa mais normal do mundo.
- Eu sei, mas eu não sou gay. Acabe logo essa massinha e vamos sair para ir na farmácia comprar esse exame.

Fomos até a farmácia, compramos o exame, não apenas 1, mas 3 para que ela tivesse certeza do resultado e voltamos correndo pra casa.
No caminho de volta eu não para de pensar em como tinha sido estupido em parar de falar com o Fernando por ele ser gay e se declarar pra mim, isso não ia fazer de mim um gay também. As conversas estavam fazendo muita falta e esse sentimento estava me deixando confuso.

- O que você tem? – Janine me perguntou percebendo que eu estava muito quieto.
- Eu vou te falar. Eu e o Fernando não estamos mais nos falando. Ele simplesmente chegou e disse que estava gostando de mim, mais do que um amigo.
- E porque vocês não estão mais se falando? – Ela perguntou, como se eu tivesse acabado de falar que uma maçã caiu da arvore.
- Como assim por que? Eu parei de responder ele, quando ele falou aquilo pra mim, eu não respondi mais.
- Mas porquê? – Ela insistiu.
- Porque eu não sou gay, eu já falei. – A tranquilidade dela estava me deixando nervoso.
- Mas você vai deixar de falar com alguém porque essa pessoa se declarou pra você? Você deveria ser maduro o suficiente e passar por cima disso. Você não gostava de conversar com ele?
- Gostava, e sinto falta disso, mas ele pode confundir as coisas.
- Você está confundido as coisas, acho que tem muita coisa confusa ai e você que não quer aceitar. – Ela falou e correu na minha frente, ela sabia que eu iria estou com isso.

Nós corremos até chegar em casa, não estávamos muito longe.
Assim que chegamos, ela foi até ao banheiro e tratou de fazer todos os exames, os três de uma vez.
Depois de mais ou menos 15 minutos de espera, o que já estava me deixando louco, ela saiu do banheiro com os três testes na mão. O rosto dela estava pálido, ela não tirava os olhos dos testes e nesse momento minhas pernas ficaram bambas, eu sabia o que esperar.

- Primo, me ajuda. – Ela estendeu a mão para que eu a conduzisse até o sofá.
- Qual foi o resultado do exame Janine? – Eu tentei arrancar da mão dela, mas ela afastou.
- Jonas, eu não estou gravida!!! – Ela gritou e começou a pular e correr pela casa. Nesse momento eu voltei a respirar.
- Deixa eu ver. – Eu peguei os testes e todos deram negativos.
- Eu nem acredito primo, foi por pouco.
- Foi por pouco mesmo, você precisa cuidar daqui pra frente e ir agora em um ginecologista e ver porque sua menstruação não está descendo.
- Você vai comigo?
- Vou sim, só temos que saber como vamos fazer isso.
- Ai primo, eu estou tão feliz, não vou precisar falar nada desse susto para o Jeff e vou poder ver ele tranquila hoje à noite, sem preocupação.
- Tome Juízo garota.

O resto do dia foi tranquilo. Minha prima se encontrou com o Jefferson na garagem da casa, como ela fazia sempre. Assistimos nosso filme, comemos mais algumas besteiras e depois cada um foi para o seu quarto dormir. Bom, ela foi dormir, eu deitei e fiquei pensando como de costume, fiquei pensando em tudo o que minha prima me disse, fiquei pensando em como tinha sido um idiota de acabar com uma amizade por nada. Então eu decidi enviar uma mensagem pra ele, esperar que ainda tivesse chance de continuar nossa amizade. Eu sentia muita falta de conversar com alguém que não fosse minha prima.

“Oi, eu sei que talvez você esteja chateado comigo, mas eu não soube como reagir a mensagem que você me mandou. Desculpa não responder. Será que ainda podemos ser amigos? Sinto a falta de conversar com você.”

Se passaram alguns minutos e nada de resposta. Ele só podia estar chateado comigo, ainda era cedo e geralmente nós nos falávamos até tarde, então ele não estava dormindo. Coloquei meu fone de ouvido, e coloquei Pitty para tocar. Enquanto tocava “Equalize” eu comecei a sentir uma sensação estranha, um frio na barriga, aquela sensação que a gente sente quando está apaixonado, mas não tinha porque eu estar sentindo aquilo. Fiquei ouvindo a mesma música até que meus olhos se cansaram e eu dormi.

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