Rodovia 49 - Capitulo 2 - O outro lado

Olá meus queridos. Vim trazer pra vocês o segundo capitulo da websérie "Rodovia 49". Eu espero que vocês gostem. Compartilhem com seus amigos nas redes sociais.
Beijos de Luz




Rodovia 49 - Capitulo 2 - O outro lado.



O despertador tocava insistentemente a quase 3 minutos, mas Michele continuava deitada em sua cama, sem vontade nenhuma de sair daquele lugar quente e aconchegante.

Ela, com muito esforço colocou seu velho celular Cookie LG em modo soneca e tentou aproveitar mais um pouco de sono.
Depois de alguns minutos o celular voltou a tocar e nada de Michele acordar, até que sua mãe, muito irritada, levanta da sua cama e vai acordar a filha.

- Michele, pelo amor de Deus, levante dessa droga de cama e vá trabalhar, eu não estou conseguindo dormir com esse barulho irritante. – Falou a mãe, arregaçando a porta do quarto e fazendo um barulho ensurdecedor ao bate-la na parede.
- Eu já estava levantando. – Falou Michele enquanto coçava os olhos.
- Não esqueça de trazer minha carteira de cigarros, a minha está acabando.
- Eu já falei para a senhora que não tenho dinheiro para ficar gastando com cigarros.
- Você tem que pagar o aluguel de alguma forma docinho. Não é porque você é minha filha que vai morar nessa casa de graça. – Falou a mãe e depois sumiu da porta.

Michele, ainda sem vontade, levantou da cama, arrumou o cobertor dobrando-o em cima da cama e foi se olhar no espelho. Não estava com vontade de tomar banho, iria colocar um glos na boca, fazer suas chuquinhas e colocar qualquer roupa para ir trabalhar.

Michele não aguentava mais aquela vida. Desde muito pequena, nunca conheceu o pai, sua mãe falava que ele era um bêbado porco e que a largou assim que soube da gravidez. Michele nunca sentiu vontade de conhecer o pai, mas sentia inveja das amigas do colégio. No colégio, estudou até a sexta série e depois largou os estudos para trabalhar e ajudar a mãe dentro de casa, que não muito diferente do pai, só bebia e fumava o dia todo, não trabalhava e não cuidava da casa.

Ela queria sair dali, não aguentava mais morar em Mario covas, uma minúscula cidade que é cortada pela “Rodovia 49”onde não se tem nada para fazer e as opções para trabalho são ridículas. A pequena cidade tem um mercado, o mercado do Vicente, que atende a toda população do vilarejo. Também tem a farmácia e um posto de saúde. Muito longe dali tem um colégio que era onde Michele estudava. E tinha também o posto de combustíveis onde Michele trabalhava, o ponto de encontro de todos os caminhoneiros. Era um posto grande, tinha uma loja de conveniências e um pequeno hotel onde os caminhoneiros podia esticar suas canelas durante a noite para continuar viagem no dia seguinte.

O que Michele queria mesmo era um marido rico, alguém que tirasse ela dali e a levasse para qualquer lugar, de preferência para o litoral, ela sempre quis morar no litoral, em uma casa de frente para o mar como as madames que via nas revistas velhas da loja de conveniência.
Michele passou o Glos, tomou um copo de café em pouco goles e saiu para trabalhar.
Chegou até a loja de conveniência, colocou seu avental e começou a atender o pessoal que acabara de chegar e de longe avistou Maria Claudia, a caminhoneira que no dia anterior entregou seu número de telefone a ela.

Engoliu em seco, não esperava ver aquela moça ali hoje. Que audaciosa, ela pensou, como pode entregar o número de telefone assim sem saber se ela gostava de mulheres, o que não era o caso, a não ser que ela fosse rica e pudesse dar a vida que ela queria, aí sim ela poderia pensar no caso.

- Bom dia minha princesa, você não me ligou ontem – Falou Maria Claudia depois de se sentar em um banquinho na frente do balcão onde Michele estava. Michele continuou concentrada secando a jarra de café.
- Me desculpe, eu não sabia que tinha a obrigação de ligar para você, não é porque você me deu seu telefone que eu tenho que ligar. – Michele foi seca e sarcástica em sua resposta.
- Nossa, quanta grosseria, eu só quero ser sua amiga.
- Eu sei que você não quer ser só minha amiga. Você vai querer café?
- Desde que ele não esteja tão amargo quanto você. – Falou Maria Eduarda rindo. No fundo Michele a achava engraçada e resolveu tirar a armadura e dar a chance de conhecer alguém legal no meio daqueles caminhoneiros estupidos.

Maria Eduarda nunca foi de muitos amigos, desde muito nova sempre se deu melhor com os meninos. Nas festas de aniversários sempre estava junto com os primos em suas brincadeiras de “meninos” e nunca se sentia bem com as frescas de suas primas, achava aquelas brincadeiras de meninas muito chatas.
No colégio era sempre chamada para as partidas de futebol na aula de educação física, os meninos a adorava porque ela era uma ótima jogadora, mas por outro lado era sempre ridicularizada pelas meninas que a chamavam de Maria João pelo seu jeito meio masculino o que sempre acabava rendendo muitos bilhetes para os pais comparecerem na escola depois de Maria Eduarda quebrar a cara de uma coleguinha.

Seus pais sempre aceitaram o jeito diferente dela e quando Maria Eduarda se assumiu gay para os pais, não foi nada de novo para eles, acolheram a filha sempre com muito amor e a apoiaram quando ela resolveu ser caminhoneira, profissão essa que sempre garantiu uma vida tranquila a ela e aos pais.

- E você nunca teve medo de andar por essas rodovias sozinha? – Perguntou Michele. Depois de muito conversar, elas já eram praticamente amigas intimas. O bar já estava totalmente vazio e ela nem perceberam a hora passar.
- Sempre tive um pouco de medo, mas o que eu posso fazer? Foi a profissão que eu escolhi.
- Meu Deus, já se passaram das seis, eu preciso fechar a loja e ir para casa. – Falou Michele depois de olhar para o relógio em seu pulso.
- Não se preocupe, eu levo você. – Michele ficou um pouco ressabiada, mas resolveu aceitar a carona.
As duas saíram e quando já estavam lá fora, um velho bêbado que estava ali começou a xingar elas.

- Está andando com a sapatão, Michele? – Falou o velho. Ele mal conseguia ficar em pé.
- O que você falou seu bêbado? – Maria Eduarda se colocou à frente de Michele para protege-la.
- Ela é minha amiga, Luiz. – Interrompeu Michele.
- Você conhece ele? – Perguntou Maria Eduarda.
- Ele sempre vem aqui, todos os dias quando eu saio ele está aqui fora, nesse estado – Ela falou, apontado para o velho.
- Não se meta com a minha garota, sapatão. – Falou o velho e saio. Entrou no caminhão e pisou fundo no acelerador sumindo na estrada.
- Você não tem medo de esse louco machucar você? – Perguntou Maria Eduarda assim que viu que ele não ia voltar mais?
- Ele não pode fazer nada, mal aguenta em cima das próprias pernas. – Ela riu,
- Bom, agora você tem a mim para te proteger. – Falou Maria Eduarda, deixando Michele corada de vergonha.

As duas entraram no caminhão e foram para casa.

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